OSTEOPOROSE, CIFOPLASTIA E VERTEBROPLASTIA

OSTEOPOROSE

A osteoporose é uma doença sistêmica de metabolismo ósseo que gradualmente enfraquece os ossos, tornando-os quebradiços aos traumas triviais ou de forma espontânea. É uma doença silenciosa, que acomete principalmente as mulheres após a menopausa, e se torna sintomática quando os ossos são fraturados. Existem atualmente nos Estados Unidos da América, cerca de 25 milhões de pessoas que sofrem dessa doença***; e no Brasil, estima-se em 15 milhões (figura 1).

As fraturas causadas pela osteoporose são mais frequentes na coluna vertebral, principalmente na coluna torácica e lombar, seguidas de quadril e de punho. Na coluna vertebral, acomete principalmente os corpos vertebrais, uma vez que é ela que suporta praticamente toda a carga axial (cerca de 75%) que lhe é exercida, provocando fratura compressiva do corpo vertebral (FCCV) que provoca muita dor e deformidade vertebral (cifose), porém, raramente provoca lesão medular e/ou neural (figura 2).

***estatística de 1996: atualmente, o número de acometidos pela osteoporose deve ser muito maior, não só nos EUA, como no Brasil também).

Estima-se que nos EUA, ocorrem anualmente cerca de 700.000 FCCV pela osteoporose (2); e no Brasil, de 300 a 500.000 fraturas***.
A osteoporose primária (principalmente a pós-menopausa) é o responsável por 85% dessas fraturas, e os 15% restantes são causadas pela osteoporose secundária a outras doenças e a processos neoplásicos.
A maioria dessas fraturas geralmente se curam em três meses com o tratamento conservador bem efetuado (repouso no leito, colete e medicamentos); porém, em uma minoria dos nossos pacientes a dor persiste apesar do tratamento. A dor persistente e severa pode diminuir a capacidade física, alterar o humor (depressão) e até mesmo diminuir a função pulmonar. Os medicamentos utilizados cronicamente para o alívio da dor podem apresentar efeitos colaterais importantes, confusão mental, perda de equilíbrio, quedas fáceis provocando novas fraturas e comprometer ainda mais as condições clínicas já debilitadas dos idosos.

***estatística de 1996: atualmente, o número de acometidos pela osteoporose deve ser muito maior, não só nos EUA, como no Brasil também).

Estudos clínico mostram que a mortalidade aumenta em até 23% em mulheres acima de 65 anos se comparado ao grupo controle; e quando maior o número de vértebras fraturadas numa mesma pessoa, pior o prognóstico. A correção cirúrgica dessas fraturas invariavelmente acaba sendo um desafio cirúrgico, devido à sua natureza invasiva (mesmo que seja fixação percutânea), estando restrita aos casos de grande instabilidade vertebral e/ou comprometimento neurológico. As cirurgias consistem em fixar as vértebras com implantes metálicos que muitas vezes se soltam pela baixa qualidade dos ossos; não sendo raro a ocorrência de complicações sérias inerentes à cirurgia e as decorrentes das precárias condições clínicas desses pacientes que em geral são idosos e portadores de outras doenças. Felizmente, existem técnicas minimamente invasivas que provaram serem bastante efetivos em aliviar a dor vertebral (90 a 95%) em casos de insucesso no tratamento conservador bem efetuado: a cifoplastia e a vertebroplastia. São técnicas percutâneas, que consistem em injetar cimento acrílico medicinal (polimetilmetacrilato) no interior do corpo vertebral fraturado.

CIFOPLASTIA TECNICA PERCUTÂNEA PARA TRATAMENTO DE FRATURA DE CORPO VERTEBRAL

A cifoplastia é considerada uma evolução da vertebroplastia que foi inicialmente descrita por Deramond em 1984 na França para preenchimento de vértebra acometida por tumor e posteriormente para o alívio de dor nas fraturas de corpo vertebral por osteoporose (primária e secundária). A cifoplastia foi idealizada por Reiley em 2000 (EUA). No Brasil, começamos efetuar a técnica 2006. Diferentemente da vertebroplastia, na cifoplastia cria-se uma cavidade no interior do corpo vertebral antes de injetar o cimento acrílico, o que permite injetá-lo em estado mais viscoso e em baixa pressão, diminuindo a possibilidade de ocorrência de complicações como a embolia pulmonar e o extravasamento do cimento para o interior do canal vertebral e/ou foraminal, que por sua vez pode provocar grave lesão medular e/ou radicular. (figuras 3, 4,5,6).