TERMOS DESCRITIVOS (TERMINOLOGIA) DA DOENÇA DISCAL DEGENERATIVA
A compreensão dos termos descritivos da doença discal degenerativa é de fundamental importância para o diagnóstico preciso e tratamento adequado, seja conservador ou cirúrgico. A cirurgia minimamente invasiva da coluna tem como a base, a identificação exata da origem da dor e removê-la através de diversas tecnologias de ponta, provocando mínimo de agressão no acesso cirúrgico e às estruturas circunjacentes normais. Adotamos a nomenclatura de doença discal degenerativa recomendada pela North American Spine Society (NASS) que é amplamente usada no Brasil.
DISCO NORMAL: não existe alterações da forma do disco; o núcleo pulposo está totalmente contido pelo anel fibroso. Ao redor dos 6 anos de idade, o núcleo pulposo é composto de 90% de água e sua taxa vai decrescendo com o envelhecimento biológico
: aspecto esquemática axial e sagital de disco intervertebral: o anel ou ânulo fibroso é a parte externa do disco e o núcleo pulposo é a parte interna do disco.
A seguir vamos descrever várias alterações discais que vemos em laudos de imagem (ressonância magnética e tomografia computorizada) que invariavelmente provocam confusão em paciente e em médicos. Esses termos descritores de posição, denotam somente a forma e a posição do disco e não expressa nenhum significado em relação à causa, ao tipo de lesão ou à atividade que a provocou, à dor, ou à necessidade de tratamento. Existe muitos portadores de alterações discais que não apresentam sintomatologia. Por isso, é sempre importante correlacionar a clínica com alterações de imagem para poder estabelecer diagnóstico preciso e a necessidade (ou não) de tratamento, seja conservadora ou cirúrgica. DISCO DEGENERADO: incluem em diversos graus de qualquer das diversas alterações no núcleo pulposo, anel fibroso, placa terminal ou apófises. A degeneração discal pode ou não ser clinicamente significante. A doença degenerativa do disco é uma síndrome clínica que incluem, alterações degenerativas do disco, observadas em imagem (ressonância magnética), associada a manifestações clínicas a elas relacionadas
imagem de ressonância magnética da coluna lombar (sagital T2) mostrando vários graus de alterações degenerativas de discos (baixo sinal em T2/disco preto ou escuro); em L4-5, além de o disco apresentar escuro, existe perda da altura discal associada a alterações inflamatório dos platôs vertebrais adjacentes ao disco L4-5 (sinal de Modic).
FISSURA DO ANEL FIBROSO: é uma fenda ou uma separação do anel fibroso que se estende circunferencialmente ou radialmente, através de uma ou mais lamelas do anel fibroso posterior. Quando a fenda é radial, esta é preenchida por tecido inflamatório e é vista em ressonância magnética (imagem pesada em T2) como uma área esbranquiçada na porção posterior de anel fibroso que é chamada de HIZ (high intensity zone). A presença de HIZ em exame de ressonância magnética é indicativa da origem da dor na coluna em 80% dos casos
imagem de ressonância magnética da coluna lombar em perfil (sagital T2) mostrando alterações degenerativas de discos L3-4, L4-5 e L5-S1 (baixo sinal em T2) denotando perda da hidratação; em discos L3-4 e L5-S1, a porção posterior de disco apresenta áreas esbranquiças (HIZ).
HÉRNIA DISCAL: o termo hérnia de disco pode ser empregado quando não se tem dados bem definidos sobre os tipos de deslocamento ou quando se refere a um grupo de deslocamentos discais de vários tipos em imagem de ressonância ou tomografia computorizada
: aspecto ilustrativo de hérnia discal (vermelho) em contato com a raiz nervosa (amarela).
ABAULAMENTO DISCAL: o anel fibroso se estende além do plano do espaço discal, difusamente, circunferencialmente, sem protrusão (saliência) focal do tecido discal.
imagem axial de ressonância magnética mostrando o abaulamento discal (L4-5)
PROTRUSÃO DISCAL: o tecido discal deslocado se estende focalmente além do espaço discal, em continuidade com o disco de origem e o diâmetro de base é maior que o diâmetro do tecido deslocado além do espaço discal
imagem axial de ressonância magnética mostrando protrusão discal (L5-S1)
EXTRUSÃO DISCAL: o tecido discal deslocado se estende além do espaço discal, e o diâmetro do tecido discal é maior que aquele que mantêm continuidade com o disco de origem e estar externo ao espaço discal. A extrusão pode ser subligamentar (debaixo do LLP, transligamentar (através do LLP), membranosa (coberta somente pela membrana dural e sequestrada, quando o fragmento do tecido discal não tem continuidade com o tecido do disco original
imagem axial de ressonância magnética mostrando extrusão discal (L5-S1)